A Lenda que Deu Origem ao Coelho da Páscoa

O Coelho da Páscoa é talvez o símbolo mais popular da Páscoa, abrangendo cristãos e não-cristãos na busca pelo ovo de Páscoa perfeito. O que você talvez não saiba é que esse coelhinho tem uma conexão com as crenças pagãs anglo-saxônicas e germânicas, mais especificamente com a deusa Ostera (também conhecida como Ostara e Eostre).

A lenda da Ostera e a Origem do Coelho da Páscoa

Conta a lenda que Ostera, deusa da primavera e fertilidade, adorava crianças. Em um belo dia de primavera, ela saiu rodeada de crianças por um campo florido. A deusa estava brincando e fazendo mágicas para divertir os pequenos.

Até que um pássaro sobrevoou o grupo e pousou na mão da deusa. A deusa, para fazer mais uma graça para as crianças, transformou aquele pássaro em lebre, seu animal preferido.

O tempo passou, o inverno chegou, e a lebre começou a andar cabisbaixa, tristonha.

As crianças perceberam a mudança de comportamento do animal e foram perguntar o motivo da sua tristeza. A lebre respondeu:

— Eu não tenho razão nenhuma para estar por aí pulando e saltitando... Eu não posso voar, não posso mais cantar. Estou arrasada.

As crianças queriam ajudar a lebre, porém já era inverno e durante a estação fria Ostera dorme.

No inverno, a deusa entra em estado de hibernação. Seus poderes ficam enfraquecidos e sua aparência física se modifica. Seus cabelos vão escurecendo, os seus olhos, que antes eram cor de mel, se tornam violetas e sua coroa de flores é substituída por uma tiara de âmbar.

Mesmo notando todas essas mudanças, as crianças acordaram Ostera. A deusa, ao saber que não havia revertido o feitiço do pássaro-lebre, ficou chocada. Ela tentou reverter, mas como estava muito enfraquecida, não conseguiu e resolveu esperar até a primavera.

Quando a primavera chegou novamente, Ostera não conseguiu reverter o feitiço por completo. O animal voltaria a ser pássaro somente alguns dias do ano e no restante, seria uma lebre.

O pássaro (ou lebre) não ficou tão aflito. Ele ficou satisfeito por Ostera ter reconhecido seu erro e por ter ficado sinceramente triste pelo seu destino. Então, o pássaro-lebre se conformou e ficou feliz por poder voltar a ser pássaro mesmo que por um período determinado do ano.

O animal resolveu que nos dias em que fosse pássaro, ele cantaria, voaria e colocaria ovos. E nos dias em que fosse lebre, ele pintaria aqueles ovos e os distribuiria pelo mundo inteiro.

Ostera, por sua vez, para lembrar a todos da importância de respeitar a essência de cada um, entalhou na lua a figura de uma lebre.

Como o Coelho da Páscoa veio parar no Brasil

No hemisfério norte, a Páscoa coincide com a chegada da primavera. Por isso, as celebrações em homenagem à Ostera coincidem com a Páscoa cristã. Dentre os costumes que permaneceram ao longo do tempo, está o de decorar ovos e entregá-los às crianças. Principalmente na Alemanha, mas também em outros países europeus, a lenda da lebre que trazia ovos se manteve viva e foi incorporada pelos cristãos.

O costume foi trazido para o Brasil e outros países das Américas pelos imigrantes alemães entre os séculos XVII e XVIII.

Ostera na trilogia Árvore de Família

No universo mágico de Árvore de Família, Ostera está em perigo.

A deusa tomou forma, força e consciência quando o homem se alegrou com o fim do inverno e celebrou a vinda da primavera. Ela alimenta-se da energia da renovação, do sentimento de liberdade e do poder criativo individual.

Contudo, o mundo contemporâneo não é um lugar fértil para Ostera florescer. Ela está desaparecendo aos poucos... A massificação das ideias e a descrença em sua existência a deixam cada dia mais enfraquecida.

Os deuses chamados Triglav a protegem o quanto podem, mas o enfraquecimento de Ostera preocupa a todos. Um mundo sem Ostera é um mundo sem cor. Até que outro Ser tome força para substituí-la, viveremos em um mundo onde o ciclo de renascimento da vida ficará ameaçado por um longo período.

Descubra mais como deuses germânicos, eslavos, wendish e de muitas outras culturas se entrelaçam para formar uma história cheia de mistérios. Desvende a trama de Árvore de Família.